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DIGITAL HUB, DIGITAL LIFESTYLE II
[ O hype iPod + iTunes Music Store ]

HÉLIO SASSEN PAZ

Qual seria o ícone estético e funcional da cibercultura? Dividindo essa pergunta-chave em pedaços menores, ou seja, problematizando-a, teremos:

Qual produto (ou linha de produtos), objeto(s) e/ou entidade(s) parece(m) representar melhor:

* A ubiqüidade?1

* A dissociação entre tempo e espaço?

* O neotribalismo?

* O presenteísmo (sendo o futuro incerto, hoje é hoje; amanhã, o dia será vivenciado apenas quando tornar-se um novo hoje)?

* E, finalmente, os diferentes papéis do "eu" nos ambientes físico e virtual: do efêmero ao complexo; do sensível ao impessoal; da preocupação à indiferença; cidadão do mundo identificado prioritariamente com um conjunto de causas, de bandeiras a levantar, cuja militância cesse tão logo o objetivo seja atingido (não mais com um país, um partido, uma religião, uma profissão ou uma entidade de classe)?

Ainda não consigo vislumbrar algo que possa superar a grande quantidade de significados do iPod. Mas, entre tantas possibilidades, por que "ele"?

* Porque o iPod é portátil;

* Porque seu desenho e sua cor são superlimpos;

* Porque sua interface é tão intuitiva quanto inovadora2;

* Porque sua estética e sua função transitam livremente entre o pop e o cult para a atual geração de estudantes e de jovens profissionais, principalmente nos EUA, mas também no Japão, no Reino Unido e (em volume menor, porém de valor e presença tão impactantes quanto nesses países) também em muitos pontos da Comunidade Européia mais Austrália e Nova Zelândia;

* Porque inspirou "n" produtos acopláveis e interagentes que expandem a sua função (sintonizador de rádio; microfone com gravador; caixas de som especiais; braçadeiras para jogging e assim por diante);

* Porque transformou-se rapidamente em uma marca de valor;

* Porque, onde foi popularizado, começou a ser indispensável para o segmento, com a vantagem de também poder passar desapercebido quando o seu uso se torna um hábito constante.

Aparentemente, o iPod não passa de um lindo, funcional e caro MP3 player. Contudo, é o maior fenômeno hype da indústria eletrônica deste início de século: não apenas por modismo, mas por causa:

* De sua mobilidade: músicas sempre escolhidas pelo próprio usuário para serem ouvidas em qualquer lugar em quantidade e qualidade; facilidade de selecionar álbuns, faixas, coletâneas personalizadas - as playlists - e até mesmo a escolha aleatória de músicas - shuffle;

* Da personalização: tudo é decidido e configurado pelo seu dono, sem nenhuma imposição arbitrária (exceto a tão necessária padronização, previsibilidade e intuitividade da interface de navegação - botões e scroll wheel - e do próprio sistema operacional do aparelho);

* Do neotribalismo: a ligação entre os usuários do iPod não se faz necessariamente por faixa etária ou profissão, mas sobretudo pelo estilo de vida compartilhado exclusivamente no que tange às semelhanças entre as características ciberculturais já citadas. Alguns exemplos: o intercâmbio de playlists; a ligação efêmera entre usuários através de comunidades virtuais, funcionando como elo entre pessoas tão diferentes;

* Da introspecção: o envolvimento na compra de músicas da iTunes Music Store através da pesquisa hipertextual, facilitada por um sistema de busca rápido e óbvio em um site extremamente fácil de usar, esteticamente adequado à história e ao comportamento do público desejado. A busca por gênero musical, artista, álbum e faixa é extremamente simples. Além disso, muitos dos grupos musicais da loja virtual têm uma espécie de hot site, com uma breve história da banda, um videoclip no formato QuickTime (.mov) e toda a discografia disponível na music store.

Enfim, como todo hipertexto com banco de dados é uma viagem individual por caminhos estritamente pessoais, cujo conteúdo o usuário pode ficar pesquisando e fruindo sem perceber o tempo passar, decidindo aprofundar-se em determinados interesses, passando os olhos sobre coisas que não lhe despertem tanta atenção e também conta com o fator surpresa, ou seja, encontrar aleatoriamente algo inesperado.

Minha análise é - até certo ponto - parcial e entusiasmada. No Brasil, por enquanto, o iPod e o estilo de vida digital, segundo Steve Jobs (CEO da Apple - falarei sobre isso em outro artigo), ainda estão muito distantes da realidade da nossa população, sendo privilégio de poucos. No VIRAweb, optei por analisar o fenômeno de consumo e de estilo de vida através da minha vivência com o produto, de meu contato freqüente com informações vindas da fonte e, sobretudo, das conclusões que pude tirar após a leitura dos principais autores acadêmicos.

Portanto, para não me apropriar da autoria de ninguém e para não ser apenas mero reprodutor, aconselho a todos os leitores desta coluna que mergulhem nos links sugeridos abaixo. Vocês encontrarão especificações técnicas; história; a enorme plêiade de produtos relacionados; outras formas de uso (além da música); a publicidade; índices de consumo; marketing; promoção de vendas; notícias e análises da tecnologia, do mercado, do negócio e do design do iPod.

__________________________
NOTAS:
1 Segundo De Masi (2000), ubiqüidade significa "estar em um lugar é estar em todos os lugares ao mesmo tempo".

2 A Motorola está desenhando celulares capazes de comprar músicas através da iTunes Music Store. Embora a natureza de um computador seja diferente da natureza de um celular, já que os celulares estão cada vez mais funcionais (muitas vezes tomando o lugar dos PDAs), não duvido que a venerada scroll wheel do iPod possa ser adotada ou adaptada em algum aparelho de telefonia móvel.

REFERÊNCIAS:
Tudo sobre o iPod, iTunes e iTunes Music Store.
ATENÇÃO: é fundamental navegar e ler com atenção todas as páginas inclusas nessa seção do site da Apple! ;)

Apple Store: naveguem pelos links - o carro-chefe iPod Photo em destaque; no menu à esquerda, todos os tipos de iPod. Confiram logo abaixo também dezenas de acessórios para o iPod, tornando-o um produto multiplicador de idéias, de criatividade, de negócios e de empregos.

2ª promoção iTunes Music Store/Pepsi: em 2004, a Apple e a Pepsi distribuíram 100 milhões de músicas gratuitamente. Em 2005, são 200 milhões. Nos últimos dois anos, ambas as empresas bancaram comerciais de um minuto no SuperBowl (decisão do campeonato de futebol americano - NFL. A inserção publicitária mais cara do planeta). Confira o site oficial da promoção. Abaixo, os links para os vídeos da campanha.

Bottle Songs I e II, de 30" e 45"

iPod Lounge: site independente mais completo até que o da própria Apple sobre informações do produto. História; gráficos de vendas da família iPod e da iTunes Music Store; análise de produtos terceirizados para o iPod. Destaque especial para o catálogo em PDF com os melhores produtos relacionados à família iPod em diversas categorias.

iPod - um estilo de vida: alguns exemplos do fenômeno do estilo de vida digital nas grandes metrópoles e nos campi universitários de EUA e Inglaterra que, por sua vez, reflete-se em todo o Primeiro Mundo.

iPod alcança status de ícone: o lançamento do iPod Shuffle, um modelo simplificado e barato visando o domínio do único segmento do mercado de tocadores de música digital onde a Apple ainda não havia penetrado antes, além de revelar o verdadeiro público-alvo do Mac mini, outro produto importante na estratégia do Digital Hub/Digital Lifestyle que Steve Jobs preconizou em 2001. Confira aqui o filme do iPod Shuffle.

PODCASTING: uma espécie de transmissão de rádio pela internet, seja tocando músicas escolhidas pelo seu criador / editor / transmissor, seja falando daquilo que lhe interessa sob forma de um programa (individual ou coletivo, de debates). A motivação de um podcast é a mesma de um blog.

Usos do iPod além da música: por tratar-se de um HD portátil com um sistema operacional, o autor cita sua experiência pessoal em backup de arquivos, sincronização da agenda e sugere vários links para software que facilita e expande o uso do iPod muito além da música.

A grande expansão da iTunes Music Store na Europa: depois de conquistar a Inglaterra, a França e a Alemanha, a iTMS chega à maioria dos membros da Comunidade Européia. Embora ainda não tenhamos uma music store na América Latina nem no Brasil e o sistema de outros países não aceite cartões de crédito internacionais de operadoras estrangeiras, Steve Jobs (CEO da Apple) afirma que a sua loja virtual de músicas atinja mais de 70% do mercado potencial em função da área de abrangência atingida até o período (nov/2004). Hoje, há também iTunes Music Stores no Japão e no Canadá. Em breve, Austrália e Nova Zelândia.

Análise do mercado de venda de músicas online. Custo/benefício, importância da personalização etc. O artigo fala sobre a incerteza do futuro e sobre as vantagens e desvantagens de dois modelos: a) compra individual de arquivos de áudio, como a iTunes Music Store ou o Rhapsody da Real Networks, entre outros; b) ou a assinatura de serviços onde a difusão de músicas ocorre por tempo determinado, sem que o usuário tenha controle total e irrestrito sobre o conteúdo recebido e sem que possa salvar as músicas para 'possuí-las'.

HÉLIO SASSEN PAZ
Professor de Comunicação Visual, Direção de Arte, Arte-Final e Criatividade e Palestrante sobre Criatividade

Coluna Design de 01/04/2005

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